Logo que meu filho teve o pré-diagnóstico para autismo, na minha primeira consulta com a terapeuta, perguntei: Quais serão os maiores desafios dele? Ela falou que poderia haver vários comprometimentos, mas as principais seriam em “comunicação” e “social”.
Minha resposta foi: Então meu filho não terá dificuldades por sou formada em comunicação social! Essa é uma formação de graduação aqui no Brasil, que capacita a base em comunicação para áreas como Relações Públicas, Jornalismo e Marketing.
Eu era formada e trabalhava na mesma área das palavras chaves em que meu filho mais precisaria de ajuda para se desenvolver. Naquele momento entendi que tinha que focar toda a minha experiência da área para ajudá-lo a alcançar o seu melhor potencial. Minha empresa, meu chefe, minhas metas profissionais, todo o meu conhecimento até então, agregado aos novos conhecimentos adquiridos, se voltaram para o desenvolvimento dele.
Comunicação visual era uma das peças determinantes no processo, então passei a utilizá-la em todos os ambientes e em todas as estratégias para ajudá-lo a desenvolver maiores habilidades. Desenvolvemos padrões de ensino com materiais visuais, agenda de rotina diária, agenda de rotina escolar, agenda social, chaveiro do comportamento, painéis de transição de atividades, painéis de apoio para aulas específicas, painel de alimentação voltado a dessensibilização alimentar, entre outros materiais.
Os progressos forma enormes!!! Tudo se transformava em comunicação visual e cada dia mais meu filho aprendia a lidar com o mundo, melhorar comunicação, interagir conosco e a adotar estratégias de autogestão.
Qual a grande regra para trabalhar comunicação visual?? Consistência, persistência!
Ao longo da minha jornada, atualmente como terapeuta, percebo que grande parte das aquisições que precisam acontecer para as crianças estão relacionadas a consistência oferecida pelas pais. De nada adianta ter uma linda agenda de rotinas, se ela fica guardada em casa e não é levada quando a criança sai de casa. Da mesma forma, não adianta ter uma enorme gama de materiais visuais educativos, se eles são usados uma única vez e depois guardados dentro de uma gaveta.
Para que os materiais visuais tenham valor eles precisam ser pareados com as situações de vida, expostos e conectados inúmeras vezes. Se você mostrar para a criança uma imagem de água, por exemplo, ela precisa entender que aquela imagem representa o copo de água, fisicamente falando. Os signos sociais só ganham valor quando passam a ter um significado pareado dentro do contexto cultura em que vivemos. Quanto maior o número de elementos pareados apresentados para as crianças, maior vai se tornando o repertório dela no ambiente que está.
Trabalhar com comunicação visual vai muito além do olhar voltado para o material físico em si, envolve o entendimento de que o que faz a diferença na sua utilização é o ensino que está por trás do elemento físico.
Teresa Oliveira